Um relatório do grupo de defesa Gig Workers Rising aponta que mais de 50 motoristas de aplicativos foram mortos no expediente desde 2017 nos Estados Unidos. O estudo destaca os perigos da atividade e fez análises principalmente no Uber e Lyft. Triste realidade que também é enfrentada pelos profissionais que atuam no Brasil: levantamento do Fantástico mostra que 43 motoristas de aplicativos foram assassinados no país somente em 2021.
Casos revoltantes
A pesquisa do grupo de apoio aos familiares retrata vários casos, como o de uma jovem motorista que foi sequestrada e morta após aceitar uma corrida de apenas US$ 15. A família teve que arcar com todos os custos do funeral e, segundo o levantamento, não recebeu auxílios financeiros da empresa Lyft. Tudo foi arrecadado no GoFundMe, uma plataforma de ajuda colaborativa.
Em resposta aos casos descritos, a porta-voz da Lyft, Gabi Condarco-Quesada, informou em nota que a empresa já incorporou protocolos de segurança que abrangem tanto os motoristas quanto usuários do aplicativo, com investimentos em tecnologia, políticas e parcerias. No caso da motorista assassinada, o aplicativo disse que não conseguiu localizar os familiares.
Mulheres sofrem abusos e discriminação
Inclusive, o relatório aponta ainda que as mulheres sofrem mais problemas. Além dos assassinatos, há os assédios, sem falar em discussões preconceituosas.
Em seu primeiro relatório de segurança divulgado em 2021, a Lyft relatou 4.000 reclamações de mulheres sobre agressão sexual entre 2017 e 2019. Em um estudo semelhante elaborado pelo Uber, foram registrados 3.000 casos do mesmo tipo.
O porta-voz da DoorDash, Julian Crowley, informou que a empresa “leva a segurança da comunidade extremamente a sério”.
Negros são as maiores vítimas
O relatório do Gig Workers Rising utilizou informações públicas, como artigos, matérias em veículos de comunicação, boletins de ocorrências e também campanhas no GoFundMe.
Segundo a análise, mais de 63% dos motoristas assassinados eram negros e foram mortos por passageiros negros nos últimos cinco anos. Atualmente, os afrodescendentes correspondem a menos de 40% da força de trabalho nos EUA, de acordo com o estudo.
Aplicativos apresentam outros dados
Já os dados dos aplicativos trazem outras informações. A Lyft informou que foram 10 mortes contra motoristas de 2017 a 2019 e o Uber relatou 19 ataques fatais no mesmo período.
Cherri Murphy, uma das autoras do relatório e ex-motorista do Lyft, disse em entrevista ao The Verge que foi motivada a pesquisar as mortes de trabalhadores temporários em razão da própria experiência, que incluiu dirigir durante o auge da pandemia sem quaisquer benefícios trabalhistas.
Segundo ela, Lyft, Uber, DoorDash e outras empresas de trabalho temporário consideram os motoristas terceirizados como inelegíveis para a maioria dos benefícios sociais e previdenciários.
“Nenhuma morte deveria acontecer como resultado de as empresas não protegerem seus trabalhadores”, afirmou Murphy.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Lauro Lam
Fonte: Portal | Olhar Digital
Foto: Reprodução