Em sessão extraordinária na terça-feira (3), o Conselho Superior do Ministério Público Estadual formou a lista sêxtupla de promotores e procuradores para a vaga de desembargador no Tribunal de Justiça do Ceará. A votação dos conselheiros foi tranquila, porém duas manifestações chamaram atenção por denunciarewm uma tentativa de interferência de políticos no processo interno da Instituição.
Quem puxou o tema foi o procurador Lucídio Queiroz Júnior, antes de anunciar os seus escolhidos para a disputa do cargo. Ele reclamou dos insistentes pedidos de votos feitos por “deputados estaduais, deputados federais”.
O procurador não deu nomes em relação as “pressões”, mas fez uma crítica dura sobre as tentativas de interferências externas no processo interno do Ministério Público, que tem autonomia para decidir o assunto.
“Fiquei muito triste com essa situação que passei. De receber ligação de deputado estadual e deputado federal... Eu entendo que tenho 29 anos de Ministério Público e entendo que nós temos conhecimento, autonomia e independência para fazer a escolha dos nomes”.
LUCÍDIO QUEIROZ | Procurador de Justiça
Outro procurador a se manifestar na sessão do MP foi Francisco Xavier Barbosa Filho. Ele confirmou contatos de políticos buscando influir no processo. “Realmente é inconveniente e constrangedor. É inadequado. Recebi também telefonema de políticos que há 10 anos nem cumprimentava. Mas reitero isso: a inconveniência desse tipo de abordagem”.
POSIÇÃO INSTITUCIONAL
Esta coluna procurou, por meio de sua assessoria, o procurador-geral de Justiça, Manuel Pinheiro. Ele informou, no entanto, que não iria se manifestar sobre o assunto.
DISPUTAS NOS BASTIDORES
A escolha dos nomes das vagas do Quinto Constitucional na OAB-CE teve temperatura ainda mais elevada nos bastidores, recentemente.
Esta coluna apurou que houve tentativas de interferência direta de figuras do mundo político estadual e até nacional durante as discussões que ocorreram em janeiro passado.
Houve articulações era para chegar diretamente aos conselheiros da OAB, a quem cabia a escolha no âmbito da Ordem.
Das duas listas, ao fim do processo, chegaram aos cargos de desembargador os então advogados André Costa e Everardo Lucena, os dois favoritos desde o início do processo.
Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
Por Inácio Aguiar
Fonte: Portal | Diário do Nordeste
Foto: Reprodução