O Conselho Regional de Medicina do Ceará (Cremec) protocolou nesta terça-feira (28), na Justiça Federal, uma ação civil pública contra o fechamento do Hospital Distrital Dr. Gonzaga Mota de Messejana, o Gonzaguinha. 

O movimento aconteceu quase um mês após a Prefeitura de Fortaleza anunciar que suspenderia os atendimentos na unidade a partir de julho para demolir a estrutura e construir uma nova.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que "ainda não foi notificada" pela Justiça. 

Em nota, o Conselho manifesta preocupação com a possibilidade de desassistência hospitalar à população dos bairros que compõem a Regional 6, onde a unidade está inserida.

“Fechar as portas do Gonzaguinha de Messejana, uma dentre as três maternidades públicas a realizar mais procedimentos obstétricos no município, com cerca de 300 partos e 50 curetagens pós aborto por mês, além de diversos ambulatórios especializados, incluindo o de atendimento às mulheres vítimas de violência sexual, um dos poucos da cidade, resultará, previsivelmente, em enorme prejuízo assistencial”, afirma o colegiado.

INVIABILIDADE DE FUNCIONAMENTO 

Conforme a Prefeitura de Fortaleza, já não há condições de estrutura para que o hospital siga em funcionamento. 

A secretária Ana Estela Leite afirmou que a pasta tem todos os subsídios e documentos para comprovar a inviabilidade do funcionamento da unidade por mais tempo. Conforme a SMS, "detalhes sobre a obra serão divulgados no início das intervenções", previsto para o segundo semestre deste ano. 

CONSELHO DEFENDE REFORMA GRADUAL

O presidente do Cremec, Helvécio Neves Feitosa, disse que o anúncio do fechamento do hospital "pegou todo mundo de surpresa". "Vão refazer o hospital porque a estrutura antiga é ruim mesmo tem que refazer. Entretanto, a gente esperava que isso se desse de forma mais gradual, para que não houvesse um maior transtorno para a população", comentou.

Na ação civil pública, o Conselho pede, inclusive, que a reforma do Gonzaguinha seja executada "de modo setorial", sem suspender os atendimentos e sem "abarrotar" outras unidades da rede municipal, "mediante apresentação de projeto de execução e de forma de acompanhamento social e participativo dos órgãos e entidades interessadas, bem como da sociedade civil".

"A pergunta a ser feita é: esgotaram-se todas as possibilidades técnicas de se fazer a reforma por etapas (e por setores) com o hospital em funcionamento, mesmo que não em sua plenitude? Não há que se questionar a necessidade da reforma, mas o seu planejamento e forma de execução", conclui a nota divulgada pelo órgão.

ESTRUTURA PRECÁRIA

A secretária municipal da Saúde Ana Estela Leite pontuou que problemas elétricos "graves", além de infiltrações e outras questões estruturais motivaram a decisão de interromper as atividades. 

FLUXO DE PACIENTES 

De acordo com a Prefeitura, a partir de julho, pacientes internados no Gonzaguinha de Messejana devem ser transferidos para outros hospitais da rede municipal, "respeitando as condições de saúde e classificação de risco".

A secretária Ana Estela Leite informou que a inauguração do Gonzaguinha do José Walter, em breve, poderá absorver toda a demanda da unidade do bairro Messejana. 

Conforme a gestora, outros hospitais do município também podem atuar para suprir as necessidades eventuais, como o Gonzaguinha da Barra do Ceará e o Hospital Nossa Senhora da Conceição.

No segundo semestre, devem ser iniciadas as primeiras etapas da obra na unidade, como a remoção de equipamentos, a transferência de equipes profissionais e averiguação das condições estruturais do prédio.


Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins

Por Luana Severo e Matheus Facundo

Fonte: Portal | Diário do Nordeste

Foto: Reprodução/José Leomar/SVM