Sucesso na década de 1980 e com coleção de hits, formação se reencontrou para show especial, disponível no streaming.
Já faz três décadas desde que o Hanoi Hanoi pisou pela primeira vez no palco. Se a banda imaginou estar novamente reunida como da primeira vez? Não se sabe. Mas o encontro veio, e rendeu até disco. “30 Anos de Sanidade - Ao vivo” foi lançado na última sexta-feira (26) nas plataformas digitais, juntamente ao DVD, e faz a festa dos fãs.
“Totalmente Demais”, “Fanzine”, “Nem Sansão Nem Dalila”, “Blá Blá Blá, Eu Te Amo”, entre outros sucessos, compõem a setlist da apresentação, gravada em Nova Lima (MG). Carisma e energia sobraram ao longo da noite, algo percebido em cada instante do espetáculo. “Ensaiamos durante uma semana”, conta Ricardo Bacelar.
O pouco tempo de preparação relatado pelo músico, ex-integrante da banda, é justificado: segundo ele, após mais de duas mil apresentações realizadas em todo o Brasil durante a existência do quarteto formado por Arnaldo Brandão, Sérgio Vulcanis, Marcelo da Costa e ele, a sensação é de “tocar com as mãos nas costas”. “As músicas estão todas dentro da gente; se a gente começar a tocar agora, elas saem”.
Não só as canções. A própria amizade do grupo resiste ao tempo e faz com que eles se reúnam para conversar, trocar memórias ou simplesmente se rever. Em uma dessas vezes, surgiu a ideia de cravar os vários anos de formação com um novo álbum, e assim surgiu “30 Anos de Sanidade” – nome herdado da festa onde foi gravado.
Junto à coleção de hits, o registro se beneficia de participações especiais, caso de Samuel Rosa, Flávio Renegado, Affonsinho Heliodoro e Tavinho Paes. Além disso, duas faixas inéditas mostram que a turma está viva, muito viva: “Tá Tudo Podre”e “Idiota”, a primeira de forte cunho político, a segunda uma sátira.
Transformação pela música
Integrante da banda a partir do segundo álbum lançado pelo grupo, Bacelar faz uma digressão pela própria história ao falar do Hanoi Hanoi. Segundo ele, a formação já era nacionalmente conhecida quando ele passou a compor o time; antes disso, dividia músicas com Amelinha, Ednardo e outros grandes nomes do cenário musical cearense.
“Eu morava em Fortaleza, até o dia em que eles ouviram um trabalho que eu estava fazendo em fita K7, e disseram: ‘Queremos esse cara’. Passei três meses pra fazer um show com eles, e entrei para a banda depois. Foi coisa de destino mesmo”, lembra. Precisou, assim, se adaptar – feito que não demorou muito. Com pouco tempo, já estava na estrada.
“Foi uma experiência muito boa, eles são pessoas ótimas. Temos uma relação de muito carinho, foram muitos anos, muitas histórias. Fazíamos muitos shows, muitos. A gente era da mesma gravadora dos Paralamas do Sucesso e do Legião Urbana, a EMI. Mas fazíamos mais shows que todo mundo, e ficamos muito famosos por causa disso”.
Até hoje, inclusive, ele conta receber o carinho de fãs. E credita à vivência com o Hanoi Hanoi a oportunidade de não apenas conhecer pessoas, mas igualmente aperfeiçoar o tino musical – além de realizar um desejo de infância: participar de uma banda de sucesso.
Por mais que, após a temporada com o quarteto, Bacelar tenha se dedicado a outros projetos, a exemplo do Direito e de experimentações musicais, ficou o legado, a amizade e a alegria. E, claro, a herança de pessoas feito Tavinho Paes, compositor falecido no ano passado, autor de vários sucessos da banda. “Era muito criativo. Nos deixou, e foi muito triste”.
Próximos passos
Para a frente, o melhor. No radar do grupo, está a vontade de continuar fazendo shows, mediante convite de pessoas e empresas interessadas. É quando voltarão, com instrumentos e toda a graça conquistada ao longo do tempo, a passear por alguns dos maiores clássicos do rock brasileiro.
À frente do Jasmin Studio, localizado em Fortaleza, também é de interesse de Ricardo Bacelar gravar um disco de inéditas da banda nesse espaço. Modo de honrar a passagem e o pertencimento dele a uma formação tão lendária. “Os caminhos estão abertos”.
Serviço
“30 Anos na Insanidade – Ao vivo”, de Hanoi Hanoi
Disponível nas principais plataformas digitais, neste link para ouvir e neste link para assistir
🗒️ Pesquisa, Redação e Edição: Carlos Martins
✍️ Por Diego Barbosa | Diário do Nordeste
🌐 www.passarefm.net
📸 Imagem/Marden Nascimento